sábado, 31 de março de 2007

Nise Magalhães da Silveira

[1905 – 1999]

Jung dá máximo de valor à função criadora de imagens. Na sua
psicoterapia, desenho e pintura são considerados fatores que podem contribuir para o processo de auto-evolução do ser.
Quando o neurótico já está em condições de sair do estado mais ou menos passivo de dependência das interpretações do analista, Jung o induz à ação – isto é, pede-lhe que desenhe ou pinte as imagens de sonho que mais o impressionaram. Não se trata de fazer arte – trata –se, na expressão de Jung, de “produzir uma eficácia viva sobre o próprio individuo”. “Dar forma material à imagem interna obriga a considerar atentamente cada uma de suas partes que poderão deste modo desenvolver toda a sua força evocadora”. Correntemente, a pessoa detém-se sobre as imagens de seus sonhos apenas durante a sessão analítica. Logo depois é absorvida no tumulto cotidiano. As imagens esvaem-se. Outra coisa será tentar captá-las sobre o papel, lutando com pincéis e cores e tanto melhor quanto for o esforço e tempo dedicado a este trabalho. O indivíduo necessitará cada vez menos de seu analista. Descobre-se, por sua própria experiência, que a formação de uma imagem simbólica libera-o de uma condição de sofrimento e o ajuda a galgar outro nível de consciência, torna-se independente por auto criação, isto é, dando forma a suas imagens internas ele se modela simultaneamente a si mesmo.
O que acaba de ser dito refere-se a neuróticos e a todos aqueles que buscam o desenvolvimento de sua personalidade, a própria individuação.

Revista do Grupo de Estudos C.G. Jung
Quaternio , 1973, págs. 131 e 132.

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