sábado, 30 de julho de 2016

Imaginação onírica e um ponto de vista alquímico












Bico de pena e aquarela - Long-play , 1973 e 1984.

Fuga para a imaginação onírica - Long-play, 1973. Compensação nos anos de chumbo da repressão política e cultural. Tempo de horrores. Na ditadura, barbárie e retrocessos que não esquecemos, entretanto um mérito de resistência, presença do Estado, diante das propostas do exterior; os militares eram nacionalistas, Não Venderam a PETROBRÁS. O fantasma do Brasil era o comunismo, agora são: desenvolvimento social, melhorias que diminua a desigualdade e erradicar a miséria, dar espaço e mais oportunidade aos pobres, aos excluídos. Para a economia capitalista das megas corporações o Estado é dispensável, enquanto é a garantia, por lei, jurídica, para o trabalhador. A “zelite hamburguesa” não apreende que melhorias sociais e culturais são sinais de felicidade geral. Todos se beneficiam. A beleza do mundo existe para usufruto e alegria de todos.

O Sol, a Lua e toda a magnitude celeste existem indistintamente para todos. As riquezas naturais e os benefícios dos meios de produção devem ser bens proporcionais para toda a humanidade, por justiça solidária e moral. O que se deseja são oportunidades igualitárias para todos. Não existe classe social para a inteligência sensível, o que existe são pessoas, e, estamos todos no mesmo círculo mágico e rico em plenitude da Vida. Fomos criados para sermos humanos, nossa função essencial é sermos humanos, sobretudo. Vivemos na Terra, nossa casa comum, o processo alquímico de transformações profundas, na viga da Humanidade. Nossa alma aprisionada na matéria precisa encontrar o ponto convergente de aproximação de opostos, a Liberdade, o Opus. 
Sapieza ermetica s/r.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Historinha Zen

HISTORINHA ZEN
O POETA HAKURAKUTEN E O MESTRE DORIN 
         O mestre Dorin costumava meditar no alto de uma árvore. Certo dia, o poeta Hakurakuten veio visitá-lo e, vendo-o encarapitado num galho alto, assustou-se e exclamou:
         - Cuidado, Mestre!
         O mestre gritou lá de cima:
         - Quem está em perigo és tu!
Que perigo ameaçava o poeta, que estava tranquilo, com os pés firmemente apoiados no chão? Hakurakuten perguntou, então, ao Mestre:
         - Qual é a essência do Budismo?
         - Não fazer o mal e praticar o bem.
         - Mas até uma criança de três anos sabe isso!
         - Sim, mas é uma coisa difícil de ser praticado mesmo por um velho de oitenta anos. 
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sábado, 23 de julho de 2016

A Mulher no Terceiro Milênio

Vaso - bico de pena e aquarela, 2012

A Mulher no Terceiro Milênio 

Para entendermos a totalidade da natureza da mulher é necessário um mergulho na história do feminino desde os tempos primordiais. Vamos encontrar no campo das religiões e dos mitos as chaves para a compreensão da essência da mulher – o conhecimento de sua arqueologia interior e suas manifestações no mundo externo.
A humanidade patriarcal e matriarcal foi surgindo e se organizando em vários momentos da história que se perdem no tempo. Tudo faz admitir que nas sociedades arcaicas o que reinava era o matriarcado – a mulher era a guardiã e sacerdotisa da vida intrinsecamente unida à natureza, a grande Mãe-Gaia.
No processo de evolução do princípio feminino, para o seu desenvolvimento e complementação é necessário o confronto com a natureza e os princípios do masculino a fim de assimilá-los e entendê-los. Os confrontos entre o Homem e a Mulher em todos os tempos sempre foram complexos e imensamente misteriosos. Nessa longa caminhada da evolução feminina em que se vivenciam as mais fortes emoções é natural que a mulher assuma o materno. E por materno se entende tudo que é fecundado, criativo e dadivoso – como as árvores, como a própria essência da natureza.
A árvore sempre representou o universo materno, o símbolo da vida. No Brasil temos a nossa majestosa mangueira que tranquila e sábia segue o ritmo das estações; aceita seu momento outonal ao perder seus frutos, recolhe-se no seu inverno enigmático e deixa-se florescer e ofertar suas saborosas mangas na primavera e verão, gloriosa em sua trajetória anual. Raízes profundas sustentam forças internas que se manifestou sobre ela, o tronco fincado no chão da realidade se expande e se abre em copa majestosa voltada para os céus num desejo ardente de percepção universal e absoluta plenitude. A árvore é uma representação arquetípica da imago feminina.
No desejo de chegar a seu núcleo criador, a mulher terá que confrontar sua sombra obscura e por vezes tenebrosa, manifestando a pujança da força feminina em toda a sua grandeza natural. As armas poderosas da mulher sempre foram o poder do coração amoroso, a compreensão afetuosa aliada à reflexão intelectual e aos assuntos relacionados com a vida interna e espiritual.
A dominante neste terceiro milênio será retomada do princípio feminino em sua essência. Vivemos, hoje, um grito de desespero predatório, o sabor das destruições generalizadas. A nossa desgastada civilização masculina institucionalizada primando pela racionalidade, provedora em ciência e tecnologia avançadas, vive paradoxalmente a sua falência humanístico-cultural, chegou ao seu ponto mais alto. Terá que dar espaço a um novo ciclo da história da humanidade. Terá que caminhar em outra direção. Uma nova civilização que se identificará não com as manifestações dos “poderes” puramente pragmáticos a serviço do consumo desenfreado e insaciável, mas sobre tudo, no que a natureza possui de solidária e humanamente afetuosa. O terceiro milênio em sua sede de calor humano e equilíbrio em todas as áreas do conhecimento voltar-se-á para o princípio feminino, receptivo, o qual se estenderá fértil no coração do mundo com Amor – Sabedoria, fonte primordial da vida, em harmonia com o princípio complementar masculino.
           
            Martha Pires Ferreira [Texto publicado na Folha de Trancoso, julho de 1990, por Jorge Mourão - Bahia - breve revisão em 2007].
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quarta-feira, 20 de julho de 2016

Thomas Merton com sábios do Oriente

        
 Thomas Merton com Suzuki - NY.

        Thomas Merton vive (1915 – 1968). Sábio teólogo da mística. Mestre da vida contemplativa em sua essência. Escritor eloquente. Poeta e artista. Humanista rebelde, de vasta erudição, expressou suas ideias engajadas nas graves e profundas questões sociais do mundo contemporâneo. Homem do deserto fértil. No silêncio abraçou a humanidade com suas contradições. Libertário por excelência permanece um testemunho de Cristo.     
 com Dalai Lama
com Thish Nhat Hanh

         A Montanha dos Sete Patamares é sem dúvida a porta de entrada para se conhecer Thomas Merton. Este livro é sua autobiografia escrita em 1948 - The Seven Storey Mountain - obra publicada em inglês, já quando monge. Traduzido para muitas línguas - La Montaña de lós Siete Círculos / La Nuit Privée d’Étoiles. Merton nos deixou mais de 60 obras.
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    Trecho do Prefácio da edição japonesa

 - A Montanha dos Sete Patamares (1963) - Thomas Merton
           
        É minha intenção fazer de minha vida inteira um resistir e um protesto contra os crimes e as injustiças de guerra e a tirania política que ameaçam destruir a toda a raça humana e o mundo inteiro. Através de minha vida monástica e de meus votos digo NÃO a todos os campos de concentração, aos bombardeios aéreos, aos juízes políticos que são uma pantomima, aos assassinatos judiciais, às injustiças raciais, às tiranias econômicas, e a todo o aparato socioeconômico que não parece encaminhar-se senão à destruição global a pesar de seu formoso palavrório em favor da paz. Faço de meu silêncio monástico um protesto contra as mentiras dos políticos, dos propagandistas e dos agitadores, e quando falo é para negar que minha fé e minha igreja podem estar jamais seriamente aliadas junto a essas forças de injustiça e destruição. Porém é certo, apesar deles, que a fé na qual creio também a invocam muitas pessoas que creem na guerra, que creem na injustiça social, que justificam como legítimas muitas formas de tirania. Minha vida deve, pois, ser um protesto, antes de tudo, contra elas. Si digo NÃO a todas essas forças seculares, também digo SIM a tudo o que é bom no mundo e no homem. Digo SIM a tudo o que é formoso na natureza, e para que esta seja o sim de uma liberdade e não de submetimento, devo negar-me a possuir coisa alguma no mundo puramente como minha própria. Digo SIM a todos os homens e mulheres que são meus irmãos e irmãs no mundo, mas para que este SIM seja um assentimento de liberação e não de subjugação, devo viver de modo tal que nenhum deles me pertença nem eu pertença a algum deles. Porque quero ser mais que um mero amigo de todos eles me torno, para todos, um estranho.
 Thomas Merton com Rimpoche Chatral.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Memória – 1964 - reflexões


A Vida se faz caminhando, para frente, horizontes largos. Não podemos retroceder. 
Estamos travados na História, hoje, 12 de julho de 2016. Altiva e perplexa me mantenho. O Brasil não pode recuar diante das árduas conquistas destes últimos anos. Não vamos ficar na escuridão.

Escrevi na primavera de 2015: estamos vivendo a flor da imbecilidade sem horizontes, do egoísmo dos tacanhos. Importante reativarmos a memória, e não cairmos em retrocessos depois de tantas conquistas democráticas. Perplexa diante de nossa pseudo política (de fundo de quintal), da ausência de ética, de brio e de dignidade, de valores que visem o bem comum, vontade mesmo é viver o recolhimento monacal, mas algo me impulsiona a ação. Sair do silêncio, repassar pelo passado maldito e indagar “o que fizemos nós para chegarmos à tamanha mediocridade?” Rio de Janeiro. 
 Tribuna da Imprensa
Brasil Livre - cartaz - 16/09/1966. Estou na 1ª página / Passeata contra o Golpe. Av. Rio Branco, Rio de Janeiro, RJ.

 Memória – 1964 
Anos sessenta e setenta foram anos da paralisação; atraso em todos os níveis do saber. Ditadura perversa que cristalizou a desigualdade social. Anos das torturas e mortes na calada da noite. Estado de injustiça social, ditadura cruel, ausente de direito cívico e humano. Anos de perversidade gratuita e planejada. Anos de estupidez pela ausência de dignidade. Passado que não se esquece pelos abusos e poderes sem limites; nação joguete na mão de estrangeiros manipuladores. Amigos que desapareceram, outros que foram torturados, castrados e exilados.
Golpe perverso em abril de 1964 não se esquece. Impossível passar em silêncio diante desses 50 anos do que foi o Golpe de 1964.
Divórcio insuportável entre o corpo civil e o corpo militar foi vivido com amargura e dor. Implantou-se o comando unilateral militar da força por ignorância e medo do Comunismo, visto como um fantasma. Controle das riquezas nacionais.
Ser humano, generoso, bom e ter atitudes de alteridade era ser inimiga/o do Estado/governo, neste caso o caminho era a cadeia, a tortura e a morte por consequência. As bocas amordaçadas.
Ausência do direito à liberdade de pensamento, educação de qualidade e cultura geral. Proibido pensar. Proibido falar. Industrialização, toda ela centrada para a classe mais bem favorecida, alta elite. Os tributos recaindo para os mais pobres, sempre pagando mais e mais. Nenhuma reforma de base. Ferrovias e transportes por água, nem pensar. Rodovias a serviço do latifúndio e indústria. Nenhum apoio à agricultura, saúde ou saneamento básico. Direito trabalhista só para os patrões, empregado sempre seguindo de cabeça baixa. Defender empregados tinha o cunho de fumaça das esquerdas comunista. O mínimo seria a advertência e/ou qualquer deslize na certa a prisão com torturas e barbáries.
As mídias têm marcado pontualmente, em vasta programação, presença, registros e testemunhos vividos naqueles vinte e um anos de escuridão medonha, de atraso e retrocesso inconcebíveis para nação, Brasil.
O povo brasileiro pede desculpas, envergonhado?
A Igreja Católica dividida. Clérigos e leigos atuavam em duas vertentes; uma conivente com o sistema reinante denunciava e entregava ativistas impiedosamente e a outra dava as mãos e o corpo se arriscando corajosamente por afeto e dignidade humana, sem doutrinar; apenas por convicção cristã e solidariedade para com todos os que lutavam pela democracia, liberdade e justiça social.
Por muitos anos fui da JEC e JUC - juventude estudantil e universitária católica. Movimento de esquerda progressista, consciente e atuante. Acompanhava tudo sem nunca participar de grupos mais radicais extremos.
Recém-formada em Direito, Universidade do Estado da Guanabara, hoje, UERJ, 1965, sedenta de trabalho na vara de família e trabalhista que horizonte me aguardava? O mundo caiu com o golpe de 64. Defender operário, trabalhadores assalariados? Servir apenas os donos do poder? Para me resguardar politicamente e me proteger, com cuidados, voltei-me pouco a pouco para as Artes Plásticas e estudos de Filosofia Oriental, quando esbarrei no mundo milenar da Astrologia, que me salvou nos finais do ano sessenta e setenta; período o mais abominável da história recente do Brasil.
Estudar Astrologia só pessoa alienada e fora de qualquer perigo político. Por outras vias fui estabelecendo cuidados com meus saberes astrológicos. O olhar voltado para os ciclos planetários no contesto mundial, nos sistemas de governo, nos golpes e governos democráticos estabelecidos foram me ocupando e me preservaram de certa forma. Visão abrangente celeste não era objeto de perigo para a cegueira militar e nem para conservadores tacanhos sem extrato de inteligência e grandeza humana. Na ausência de finura intelectual, reinava a desconfiança e a alienação instalada como padrão de comportamento.
Os registros e depoimentos, em tempo histórico, de abertura democrática e liberdade de pensamento, em todos os meios de comunicação, estavam caminhando  na mais alta importância para o conhecimento e grandeza do que é ser nossa terra, nosso povo, Brasil. Lugar no Planeta Terra, nossa casa comum. O Sol nasce para todos, igualmente para todos. Era verão de 2014, em Santa Teresa.
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sábado, 9 de julho de 2016

Mini Retiro em busca de discernimento


O mundo da matéria, do capital desvairado, se esfacelando. Forças do mal imperam de leste a oeste, de norte a sul. Eu me perguntando: para onde caminha a Humanidade? Mergulhamos no poço profundo, caímos no ingredo, em trabalho de depuração, alcançar níveis de consciência mais elevados? Transformações alquímicas?
Tarde em Mini Retiro – Centro Ramakrishna Vedanta RJ. Palestra do indiano Swami Nirmalatmananda; precisão, simplicidade. Inteligência sutil e aguda. Como abertura de sua fala, ao início, música. Após a palestra, curto tempo de Yoga. Seguida de cantos devocionais e meditação, em total silêncio, no acolhedor Templo.
Chá de confraternização.

Saber discernir conflitos num mundo dilacerado por ilusões de poderes. A Vida é um fluxo contínuo. Impermanência. Sua beleza só pode ser realidade plena com experiência profunda, afetuosidade em seu entorno, postura consciente sem exclusões, sem apegos. Somos fracos, precisamos de força para vencer o mal. Confiança em si mesmo. Vivenciar espaços de harmonia interior – um ponto ômega onde todas as contradições se convergem. Em síntese é o que apreendi deste sábio Swami. Ser verdadeiro/a pura questão de autoconhecimento. Percepção do todo.
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